Publicado originalmente no Medium
Desde que fui feliz,
tenho sido triste,
desde que fui feliz,
tenho sido triste.
Gostaria de ser feliz mais vezes,
mas com a felicidade
chega o medo da tristeza
e com a tristeza
chega o medo de que a memória da felicidade
desapareça.
(Quando meu corpo dói, eu me lembro com apreensão de como era não sentir dor e eu temo nunca mais viver assim, sem dor. Quando não sinto dor, a espreita da dor futura impregna toda a tranquilidade de um dia confortável. Quando eu me deito e fecho os olhos, eu temo não conseguir dormir. As horas passando me aterrorizam e uma coisa leva a outra e o medo de não conseguir dormir se transforma na insônia. Quando eu durmo bem, eu sinto alívio que é seguido do medo de ser aquela a última boa noite de sono que eu terei. Quando estamos juntos, eu temo o momento da separação. Quando estamos separados, eu temo nunca mais voltar a te ver. Qual é o preço da alegria? Qual é o preço de experimentar a felicidade? Qual é o preço de matar a sede, senão saber como é o gosto da água no dia mais quente?)
Desde que fui feliz,
tenho sido triste.
(Mas quero ser feliz outra vez)